sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

POR QUE EU SAI DO INSTAGRAM?

 

Uma das lembranças mais vivas que eu tenho da minha infância sou eu brincando no imenso quintal da minha tia-avó. O cheiro de terra preta no meu baldinho, eu voltando toda coçando pra casa por ter rolado na grama por horas. A árvore na frente da loja dos meus avós (que infelizmente foi assassinada há uns anos), onde eu pegava cigarras e as sentia andar pela minha mão e depois as soltava. Já na adolescência, eu lia muito.

Tudo isso parece que se foi depois da internet. O tempo ficou mais curto, assim como a atenção e concentração...  E geminianos são ótimos em dispersão, mas olha, estamos de parabéns. Você também percebe isso?

Parece que por mais que trabalhemos, a sensação é de não ter feito nada e quando de fato não fazemos nada nos sentimos extremamente desconfortáveis.  No Budismo, isso se chama preguiça ativa: quando nos mantemos constantemente ocupados, mas com coisas que não são essenciais para a plenitude da vida.

Agora, na fase adulta, sem dúvida alguma, o momento em que me senti mais plena e mais verdadeiramente conectada foi justamente quando eu não estava fazendo “nada”. Foi em um dos sete retiros Vipassanas que fiz. A natureza, o silêncio. O universo e eu em sincronia. Senti gratidão apenas por estar viva, algo MUITTOOOO especial para uma melancólica. E não acho que isso seja possível estando online o dia todo, ou na cidade, com tanto barulho, tanto aparelho ligado em cada par de mãos e sem fones, a  preguiça ativa imperando... 

Como eu mencionei que na adolescência eu lia muito, um dos livros que foi mega importante para mim (sempre vou ser grata àquele bibliotecário) foi Admirável Mundo Novo. Me identifiquei com John e com Bernard Marx, os outsiders... Os que iam contra a maré, os que não achavam normal o que era tido como normal, os que se percebiam infelizes ou revoltados e, sobretudo, o que era ligado à natureza e não à sociedade tecnocrata. E não à toa, os que eram protagonistas! Porque eram únicos!

Hoje, eu vivo dizendo que não tenho tempo (mas estou sempre online). Hoje, tenho um pouco de preguiça de ler, e acho que é porque passamos quase o tempo todo acordado lendo... por uma tela! Não quero ser hipócrita. Você está me lendo por uma tela. Eu tive acesso a milhares de coisas úteis que não teria se não fosse a internet, os computadores. Conhecimento, produtos, ações, pessoas...

Mas, o que quero dizer é que eu sempre preferi a natureza, a profundidade, a introspecção, a comunicação olho no olho. Tentei ao máximo fugir do Grande Irmão e todo rastreamento eletrônico.

Eu não tive Orkut, mas acabei tendo uns quatro perfis no facebook... na fase mais conturbada da minha vida. Demorei a ter instagram e depois me vi quase viciada nele, e extremamente triste me sentindo uma bosta porque poucas pessoas viam ou comentavam o que eu postava (profissionalmente). Depois eu vi que era o algoritmo que não entregava (seguidoras assíduas minhas vinham se queixar que não recebiam o conteúdo porque a plataforma não entregava). E isso é muito, mas muito mesmo, cansativo. Esgota. 

Fora gravação de vídeo toda hora, criação de post, produzir, editar, postar... Tudo isso leva mais de uma hora para fazer, acredite! Dá MUITO trabalho! E eu detesto! Não gravar vídeo, mas esse tempo todo aí, fazendo tudo! Tendo que aprender, tendo que testar, tendo que ficar na frente de uma máquina o tempo inteiro! Produzir o tempo inteiro. Para tentar convencer você de que eu valho a pena, que meu serviço é bom, que meu produto presta e te ajuda...  Isso mata a gente por dentro!

Eu não vou ficar fazendo dancinha para atrair atenção. Ou ser uma pessoa que eu não sou para viralizar! Como Bernand Marx... prefiro ser eu mesma e não qualquer outro, por mais alegre que seja. 


Então dei um tempo de instagram e de mídias sociais. 1) Para usar melhor meu tempo. 2) Para me conectar mais comigo mesma. 3) Para não sofrer de ansiedade, frustração ou depressão 4) Para não me comparar e nem me sentir oprimida pela obrigação de produzir algo fantástico todo santo dia. 5) Para ler mais, escrever mais e plantar mais. Coisas que amo fazer. 6) Para me irritar menos. 7) E porque não quero me relacionar com você para te ver como um mero produto.

E se eu falo de vida, de natureza, de bem estar e de rebeldia e ampliação de consciência, como posso querer que as pessoas fiquem ali presas na ferramenta? Justamente o que me angustia é o que a ferramenta quer: você ficar ali. Se isso me angustia, por que eu estou proporcionando isso para quem me segue?

Fora que, gente, cansei de atender pessoas que estavam super mal e nas redes sociais aparentavam ter a melhor vida! E cansei também de eu mesma ficar me comparando, no caso profissionalmente, com quem estava produzindo um monte de coisa que eu queria estar fazendo. E ao invés disso, estava ali, consumindo apenas.

Depois de um mês sem instagram eu assisti ao documentário Dilema Social, que me fez querer ficar ainda mais offline. Se você quiser ver, está na netflix.(Mas não quero que você se vicie em netflix, hein?!).

É uma pressão insana por produção! Apesar de ter gasto muito dinheiro com cursos de marketing digital, I quit! Pelo menos por ora.  Além disso, é informação demais. Daí muita gente tonta está se achando inteligente apenas porque é esponja de conhecimento e fica repetindo blábláblá sem introjetar e sem aplicar na vida! Eu quero te passar mais que informação, quero compartilhar o que sei, o que vivo, o que acredito e o que sinto que fará bem a mim, a você a ao mundo.

Então, resolvi viver o que prego. E eu andava tão triste e amarga por não estar vivendo o que eu acredito, vivendo na, com e pela natureza. Protegendo-a e me curando nela. Cuidando da minha alimentação, da minha prática espiritual e magistística...  Daí estou me mudando de casa, vou tentar implantar uma agrofloresta pocket e ficar sem internet maior parte do tempo. Vou ficar escrevendo por aqui, compartilhando todo o processo e quem sabe alguém aí se beneficia do que tenho a compartilhar?


A rapidez é uma das coisas que está consumindo o planeta. E eu SEMPRE amei escrever! Então, se você é lowprofile, gosta de ler e de temas relacionados a alimentação natural, vegetarianismo, natureza, desenvolvimento pessoal, ampliação de consciência, engajamento social, aqui é nosso lugar!

Em vez de um Admirável Mundo Novo, que tal a gente viver em Pala, a ilha que o próprio Huxley descreveu como uma incrível sociedade, mais conectada à sabedoria, à natureza, à saúde física, mental, espiritual, social e política? Vou começar a fazer meu passinho de formiguinha. Você vem comigo?

Quem quiser me acompanhar e construir junto, chega aqui.  Não prometo ser todo dia, vamos ver o que o dia quer de mim e o que eu quero do dia, tá?

Obrigada por ter lido até aqui. Sei que foi extenso. hehe

Nos vemos em breve!

PS: Se quiser, me deixa um comentário. Vai ser bom saber o que você sente e o que pensou ao meu ler.


Autoria das imagens:

1: Allan Mas/Pexels

2: Desconheço a autoria/Pixabay

3: Júnior Teixeira/Pexels

4: Fauxels/ Pexels